As fronteiras que erguemos e como o Yoga as destrói

Hoje encontramos fronteiras onde antes existia tolerância entre povos. Onde havia espaço para a partilha e a coabitação. Estamos separados por barreiras invisíveis.

Porque construímos fronteiras?

Tenho-me deparado com o impedimento de usufruir da liberdade em inúmeros contextos e situações, ao longo da minha existência. Como é óbvio, não sou o único a ter esta sensação. 

Construímos fronteiras para nos sentirmos mais seguros. Contudo, quando construímos um muro, as relações e as pessoas que as estabelecem deixam de ser “livres”. Seja qual for a natureza desse muro (física ou emocional). 

Estamos a cultivar uma sociedade desconectada.

A realidade é que o Mundo está mais avançado do que nunca! A tecnologia dá-nos acesso a cada vez mais informação e conhecimento. Além disso, os meios para comunicarmos estão mais rápidos e acessíveis.

As redes sociais aproximam-nos, todavia, estamos a cultivar uma sociedade desconectada.  Passar tempo com os outros passou a fazer-se apenas atrás de um qualquer ecrã.

A desconexão leva à situação que vivemos hoje. Temos todos os meios para prosperarmos como seres humanos sociáveis e, no entanto, construímos fronteiras para nos defendermos dos outros.

Como mudar este paradigma social?

É um tema profundamente atual, difícil de resolver e obter um resultado positivo. Mas, como os processos são bem mais importantes que os resultados, acredito que a mudança de paradigma social não está na humanidade como um todo. Está, sim, em cada um de nós individualmente. Não é possível mudar o pensamento de um país sem fazer mudanças em cada ser humano que o compõe.

Como poderia a prática de Yoga ser facilitadora de um processo de autorregulação desta magnitude e dificuldade?


Consciência discriminatória

A mudança que falo acima – de dentro para fora – anda em torno da “consciência discriminatória”. Este estado consciente permite olhar o Mundo como ele é!
Como acontece esse fenómeno? Simples. Trabalha-se a capacidade de olharmos para nós e para o que se passa no nosso corpo durante a prática de Yoga.

Como é que isso pode ajudar-nos a estar mais conectados com o Mundo? Se não formos capazes de olhar para o que se passa no nosso corpo e, assim, fazer escolhas diferentes, como pensamos fazer a mesma coisa em relação aos outros? Como podemos nós ter a capacidade de olhar para pessoas diferentes de nós e partilhar sem medos?

Meditação

A meditação pode ajudar e o Yoga é meditar de forma ativa. Por isso, educar as pessoas a trabalhar a sua consciência discriminatória é a oportunidade que temos de evoluir como humanos. E a prática de Yoga explora esta forma de estar na vida através de ferramentas simples de foco e ao trabalhar milimetricamente a autoconsciência

Faça Yoga ou algum tipo de meditação e organize as emoções e o pensamento na sua direção e, consequentemente, na dos outros. Cuidar de si é o primeiro e principal passo na direção de uma conexão saudável com as outras pessoas.

Texto originalmente publicado em Simply Flow by Fátima Lopes.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *