Liberdade para escolher. Agir para ter liberdade.

Assustador o cenário mundial hoje. Não sei se é o mundo que está diferente ou se sou eu. Espero que seja eu. Tenho mais idade, ganhei maturidade e afinei a autoconsciência. Por outro lado, se o mundo está igual, o que correu mal lá atrás para estarmos hoje aqui, neste cenário?

Onde está a liberdade?

Olhemos para a China. Uma nação com 70 anos de comunismo, que confronta ativamente 7 milhões de pessoas da antiga colónia britânica – Hong Kong – e também os EUA, numa imposição de poder e supremacia. Uma China cada vez mais internacional e capitalista, mas cada vez menos democrática socialmente. O discurso refere respeito pela autonomia executiva, legislativa e jurídica de Hong Kong, mas a ação concretiza-se em disparos sobre a população que se manifesta.

Deparo-me inúmeras vezes, nos diversos contextos do meu dia-a-dia, com as questões de liberdade de expressão verbal a esbarrar no comportamento. Passo a explicar de forma simples, através de uma das maravilhosas aprendizagens com a minha avó Clarisse:

 “Uma coisa é aquilo que tu dizes, outra coisa é aquilo que tu fazes. Eu só vejo o que tu fazes.” 

O que é que isso tem a ver com a China, Hong Kong e nós? Bastante. 

A minha ação será sempre mais importante do que tudo o que eu possa verbalizar. Sou aquilo que faço. Se todos os dias faço Yoga, é porque sou yogui. Se todos os dias faço coisas que poluem menos o planeta, é porque contribuo para um planeta mais limpo e vivo. 

A liberdade somos nós que a criamos. Porque ainda podemos. 

A nossa liberdade está diretamente dependente do sistema político, que produz e aplica leis para reger tudo o que é a nossa vida, desde o mais básico até ao mais complexo e abstrato. Mas, somos nós que elegemos estes elementos pensadores e criadores de regras que nos protegem, que nos obrigam, que nos facilitam, que nos alimentam, que nos moldam, que nos guiam. 

Como pode a prática de Yoga expressar liberdade? 

Yoga é liberdade. Manter o corpo saudável, as emoções reguladas, a mente limpa e o espírito alimentado, são os princípios base para a construção de liberdade. Vejo também o conceito de liberdade diretamente dependente do conceito de Karma

Karma é uma palavra muito usada, mas a maior parte das vezes mal usada ou mal aplicada. Karma quer dizer ação. Quer dizer que as minhas ações produzem respostas, reações, movimentações em torno de mim e para o futuro.

A expressão “isto foi karma” deveria significar “estou a experienciar uma consequência de uma decisão minha no passado. Até mesmo uma não decisão.” 

Juízos à parte, quando votamos (e aqui na Europa ainda temos o privilégio de o fazer), estamos a produzir uma ação – karma – que terá consequências boas, más e mais ou menos, que vão impactar o futuro.  Estas ações afetam-nos, a quem amamos (quem tem filhos percebe isso perfeitamente), mas também os que não conhecemos.

As nossas ações refletem-se no presente, mas principalmente no futuro. A nossa liberdade pode mesmo desaparecer, se não formos cumprir o nosso dever cívico – votar. E votar em propostas políticas e não em palavras utilizadas em momento de venda (campanha) ou pela opinião de alguém. 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *