Neuroplasticidade, Yoga e Meditação

Yoga e meditação já há muita gente que relaciona. Mas, o que é que estas duas ferramentas têm em comum com neuroplasticidade?

Se formos pela rua a perguntar o que entendem por yoga e meditação, teremos muita disparidade, confusão e mal entendidos. Se a elas juntarmos neuroplasticidade, o estado de alerta instala-se. Não é nada do “outro mundo”, elas interceptam-se de maneira muito prática e fácil.

Yoga

Yoga é uma meditação activa. Tal como ir fazer uma caminhada ou uma corrida, mas com parâmetros de complexidade adequados ao nível a que nos propomos praticá-la. Este processo de transporte da mente para o “aqui e agora” é feito através da tomada de consciência e controlo corporal, da respiração e do foco.

Meditação

Meditação é o foco da nossa mente em algo específico no presente momento. Um dos tipos de meditação mais utilizados por diferentes técnicas de atenção plena e yoga é a Meditação Budista Vipassaña.
Este tipo de meditação gira em torno do trabalho de “ver as coisas como elas são”. Desde Gotama Buddha que é utilizada como arte de viver, sempre a partir da auto-transformação pela auto-observação.

Este jogo constante entre cognição, estados emocionais e sensações, julgamento e capacidade de actuar perante determinado ambiente, conduz-nos à Neuroplasticidade.

Neuroplasticidade

A Neuroplasticidade é uma resposta de mudança do cérebro, perante as experiências vividas. Essa mudança ocorre com mecanismos diversos de desenvolvimento de padrões de conexão entre neurónios.

O uso da imagética (o tal foco e controlo que é treinado durante a prática de yoga e meditação), em termos de neuroplasticidade, não é diferente de aquisição de competências (skills), que incutem mudança nas ligações entre neurónios (estabelecem-se novas ligações para dar resposta adaptativas à solicitação dos contextos).

Estas práticas devem ser encaradas como:

  • reguladoras e estruturadoras emocionais bastantes complexas;
  • estratégias estabilizadoras da atenção;
  • excelentes formas que o ser humano desenvolveu para manter a aprendizagem constante tão necessária à sobrevivência.

Será que fazem sentido nos dias que correm?

Na minha opinião sempre fizeram sentido. Hoje fazem ainda mais sentido. Com as solicitações a que estamos constantemente sujeitos, a nível profissional, social e familiar, ou com todos os estímulos das redes sociais, televisão e distrações que nos dispersam, não é possível mantermos as nossas competências cognitivas a 100% sem estratégias de auto-regulação. Todo o investimento no ser humano que faça frente a estes potenciadores de stress crónico oxidativo, que nos empurram para cenários de doença, esgotamento e desconexão social, são mais do que bem-vindos.

Cuide de si. Experimente yoga e meditação. Deixe a neuroplasticidade instalar-se na sua rotina e sinta o seu cérebro a dar respostas diferentes. Mas faça-o com a paciência que o cérebro e o corpo exigem.
Permaneça no processo, insista e reinvista todos os dias em si, pois é o melhor investimento que pode fazer ao longo de toda a sua vida.

Texto originalmente publicado em Simply Flow by Fátima Lopes.

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