Comprometimento. Expectativa. Yoga. Como se influenciam estes três grandes “monstros”? Como posso ter expectativas sobre resultados, sem a capacidade de me comprometer com o trabalho árduo que produz esse resultado?
Treinar as competências de comprometimento.
Na minha opinião, o Yoga é uma maneira muito eficaz de tomada de consciência – que se inicia na tomada de consciência corporal – e uma oportunidade de treinar as competências de comprometimento. Em primeira instância, com a nossa prática de Yoga, e, numa segunda instância, com os nossos objetivos na vida.
Nada disto é muito complexo. É até bastante simples, mas, tal como todas as coisas simples, é bastante difícil de pôr em prática.
Comprometer-me com algo requer competências e capacidades. Um apurado nível de autoconhecimento para reconhecer os meus padrões de comportamento.
Quantos de nós já estivemos perante uma tarefa que vai trazer-nos coisas boas, mas, ao mesmo tempo, nos deparámos com o nosso cérebro a produzir pensamentos como:
- “Faço isto daqui a uma hora”;
- “Vou colocar na agenda para fazer amanhã”;
- “Eu não consigo”;
- “Não quero”;
- “Não preciso”;
- “Não…”
E, nisto, acabamos por deixar a tarefa por fazer? Todos nós fazemos isto em alguma altura ou em alguma área. É necessário autoconsciência, unida a uma dose de coragem, para nos mantermos fiéis aos compromissos que assumimos.
No que diz respeito às expectativas já é bem mais complexo.
O exemplo dos atletas é explícito do que falo. Ir para uma corrida de competição, com a expectativa de ganhar, é uma situação bastante diferente de ir para a rua correr pelo prazer de correr.
Todo o processo de esforço dos atletas tem uma “cenoura”: o resultado ou a expectativa sobre um determinado resultado no final (a vitória; a coroa de louro; o “palanque” de herói). É este objectivo que, na maioria dos casos, “tenta” justificar o processo de destruição autoinfligida. Nada contra, até porque me movo no contexto de desporto de alta competição desde os três anos de idade.
Comprometer-se e cumprir apenas para se sentir bem e ter saúde.
Na realidade, foi quando me comprometi a fazer a minha prática de Yoga – sem “cenoura” de resultado ou objetivo exterior a mim – que percebi a dureza do compromisso sem expectativas. Percebi na perfeição porque se dizia que a posição de Yoga mais difícil de executar era “saltar” para cima do tapete. Todas as outras são bem mais fáceis…
Começar a prática todos os dias sem expectativas, comprometer-me e cumprir! Sem “aplausos” para os feitos… Apenas para me sentir bem e ter saúde (a maioria das vezes a médio-longo prazo…).
Faça um compromisso de cada vez. Cumpra-o. Passe ao próximo compromisso, sem expectativas, sem “cenouras”. Sentir-se bem já é “cenoura” que chegue!
Texto originalmente publicado em Simply Flow by Fátima Lopes.